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09/08/2025 17:09
ECONOMIA

Com tarifaço, concorrência no mercado de frutas vai disparar

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A entrada em vigor das tarifas de 50%dos Estados Unidos para diversos produtos do Brasil, incluindo do agronegócio, gera preocupação para o iminente aumento de concorrência no mercado interno de frutas, verduras e legumes. Esse movimento pode provocar redução de preços ao consumidor e diminuição de margem para os produtores, avaliam especialistas.
Segundo Valeska Ciré, representante da IFPA (International Fresh Produce Association) no Brasil, o setor está “observando, com a expectativa de diálogo”. Mesmo que haja buscas por novos mercados, é complexo alocar contêineres que seriam destinados aos Estados Unidos, e a preocupação é com a redução instantânea de margem dos produtores.
“O aumento da oferta pode levar a mais concorrência e queda de preços, e vai penalizar os produtores”, disse a líder, durante o evento The Brazil Conference & Expo, realizado nesta quarta (6/8) e quinta-feira (7/8), em São Paulo. A IFPA tem 3 mil associados no mundo e 160 empresas no Brasil, que variam de pequeno a grande porte, incluindo produtores de manga, uva, melão, morango e maçã. Todas serão impactadas, segundo Valeska.
De US$ 1,3 bilhão que a Agrícola Famosa exportou em 2024, os Estados Unidos representaram 12%, ou cerca de US$ 140 milhões. A companhia tem a Europa como principal destino, responsável por 70% da absorção de sua produção. Ainda assim, os impactos do tarifaço são “muito preocupantes”, avalia Luiz Roberto Barcelos, sócio-fundador da empresa. “É um volume significativo, fatalmente o preço vai sofrer uma queda”.
Na avaliação do executivo, o importador norte-americano está abrindo mão de parte da sua margem e repassando outra parte ao consumidor, assim como alguns exportadores brasileiros também estão dispostos a perder alguma margem.
O lucro menor e o aumento de preços nos Estados Unidos devem reduzir o consumo, além da provável importação de frutas de outros países como Equador e Peru, analisou o empresário. Se as taxas forem mantidas, a produção nacional vai ser reduzida, constatou Barcelos. “Quem vai pagar o pato é o produtor brasileiro, o importador e o consumidor norte-americano”.
Novos mercados
Para ele, a abertura de novos mercados é um caminho de longo prazo. “Para mandar melão para a China demoramos sete anos, a uva demorou quatro anos. Até dá para abrir mercados novos, mas qualquer um deles não vai demorar menos do que dois anos. Essa solução terá zero efeito sobre a manga que está lá no pé para ser colhida hoje”.
Valeska Ciré, da IFPA, defende campanhas de aumento do consumo de frutas e vegetais, já que o Brasil consome apenas um terço do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Uma maior demanda interna criaria um grande mercado doméstico, absorvendo o aumento da oferta”.
O Grupo Doce Mel, produtor e distribuidor de frutas, legumes e verduras (FLV), vê um impacto indireto em seus negócios. Apesar de não exportar diretamente aos Estados Unidos, diversos fornecedores da companhia vendem para lá. O sócio-diretor Roberto Junior calcula que boa parte do que deveria sair do país, ficará aqui.
“É necessário trabalhar melhor o mercado interno para aumentar o consumo de forma imediata com promoção de frutas, por exemplo”, considerou.
Até empresas que não trabalham diretamente com produção de frutas já medem os impactos da taxação norte-americana. A Paripassu, companhia de inspeção e certificação de produtos da cadeia FLV, teme os desdobramentos do tarifaço aos seus clientes. Dos seus 5,5 mil clientes, cerca de 2 mil são produtores de frutas, legumes, verduras e vegetais frescos.
Ainda que boa parte deles não exportem aos Estados Unidos, muitos produtos serão colocados no mercado nacional.
“Isso vai mexer com a demanda e gerar uma necessidade de reorganização do mercado", pontuou Heidy Milan, coordenadora de Qualidade e Certificações da Paripassu.
Para ela, muitos clientes não terão fluxo de caixa para lidar com essa mudança de mercado. “Alguns podem não sobreviver, e isso gera impacto no nosso negócio, com possíveis cancelamentos de contratos”.
Decisão dissonante
A CEO global da IFPA national Fresh Produce Association), Cathy Burns, afirmou que defende a isenção de frutas, flores, legumes e verduras da tarifa de 50%. Para ela, as taxas são dissonantes do plano do governo norte-americano de ‘Tornar a América Saudável Novamente’ (Make America Healthy Again), uma iniciativa que pretende combater a crise de doenças crônicas no país.
“Não dá para ser saudável sem comer frutas e vegetais”, afirmou a líder global durante a Brazil Conference & Expo 2025, feira que reúne entre hoje e amanhã o setor de FFLV em São Paulo.
Burns cita o diálogo entre os países como a melhor saída neste momento, porque existem muitos produtos importantes para os americanos que saem do Brasil, mas ressalta que o país deve voltar seus esforços também para outros destinos.
“O Brasil exporta para outros países além dos EUA. Acho que 56% das frutas brasileiras vão para a Europa, então esse é um mercado muito importante também”.

Fonte: Gr

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